Experiência do futebol no presídio

Lembro quando fui com os homens da IBVA, lá na Bahia, jogar bola com os presos no presídio de Lauro de Freitas. A gente tava em, mais ou menos, 50 pessoas. E passamos um dia inteiro, não só jogando bola, como cantando, se divertindo com os palhaços que também estavam lá ou, simplesmente, conversando assunto aleatórios com eles. Alguns falavam dos crimes que cometeram e que fizeram eles estarem lá, do tempo que ainda faltava para cumprirem suas penas. Nossa postura, em momento algum, era de incriminá-los, apesar de refletir com eles de que o que fizeram era errado. 0% de acusação!

Mas isso pode até mesmo soar estranho para a sociedade em geral. Por que tratar bem pessoas que cometeram crimes, como assassinato, por exemplo? Poderia citar inúmeras bases bíblicas aqui, mas prefiro ficar com Provérbios 15:1

"A resposta calma desvia a fúria, mas a palavra ríspida desperta a ira."

O "correto", pra sociedade, seria irmos lá e "descer o madeira" nos caras, jogar na cara deles que eles são culpados, que são criminosos, que devem pagar pelo que fizeram e assim por diante… Nada disso é, legalmente, errado. São realmente culpados, são classificados como criminosos pela lei e precisam pagar pelo que fizeram. Fato! Mas se fizéssemos isso, estaríamos nada mais nada menos do que despertando ainda mais a ira deles e não desviaríamos a fúria, comprometendo o processo de recuperação do indivíduo, que é o foco do Cristianismo.

Me entristece ao ver pessoas, dentro das igrejas, que lidam com os que cometem algum pecado ou fazem algo fora da doutrina humana-religiosa de forma tão ríspida que deixa, até mesmo, os que apenas observam a cena "sem graça", tamanho o peso das palavras e a forma que são ditas.

Reflito algumas questões:

- Será que não poderíamos fazer, nas igrejas, o mesmo que é feito por muitos cristãos, ao redor do mundo, dentro dos presídios? Tratar com amor os que erram!
- Essas atitudes condizem com a postura de Jesus, quando Ele mesmo diz que o "jugo dEle é suave e o fardo é leve" (Mateus 11:30)?

Sou total defensor de que devemos arcar com as consequências dos nossos erros, mas muitas vezes jogam em nossos ombros cargas maiores do que nossos próprios erros e observamos que a forma como tratamos as pessoas nos presídios, geralmente, é bem mais calma do que em nosso ciclo religioso. Isso afasta muito mais do que aproxima!

Repreender não significa bater severamente, mesmo que com palavras.

Abraços!

Comentários

Simão disse…
Aquela velha história: "atire a primeira pedra..."

Ainda bem que os fariseus de antigamente eram mais humildes do que os de hoje, se não, Maria Madalena - de fato - teria morrido apedrejada!
cleberdacruz disse…
Sem dúvidas, Simão!